segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Após me ter sido diagnosticada a Fibro, foi também sugerido pelo marido passar o testemunho de alguma forma, o meu dia-a-dia e o de quem me rodeia, e resolvi mesmo fazê-lo. Confesso que sem grande motivação, já é comum esta falta de vontade para tudo. Ganhei coragem no momento em que pensei que tenho a obrigação de contribuir de alguma forma para que esta doença de torne mais conhecida e compreendida.
No entanto, quero frisar que não pretendo de jeito algum fazer "publicidade" por assim dizer, apenas divulgar.
Poderia explicar com termos mais que técnicos e científicos do que se trata esta síndrome, contudo, não o vou fazer por uma razão muito simples. O que irei relatar neste Blog dos meus dias será com certeza bastante mais esclarecedor de como é viver com a Fibro. Posso, no entanto, e para que se entenda melhor todo o meu percurso que ainda vai a meio, penso eu, voltar um pouco atrás no tempo. Desde muita criança, com os meus oito / nove anos aproximadamente, comecei a ter alguma percepção de que algo não estava bem. Pois o meu percurso na escola básica , como adolescentes que somos temos uma actividade frequente, com grupos de amigos, escola, casa etc..e já aí achava que não conseguia acompanhar o ritmo dos meus colegas. Onde se acentuou a certeza da minha incapacidade foi nas aulas de Educação Física. Era simplesmente terrível, os professores "gritavam" por não conseguir executar os exercícios devidamente, os colegas troçavam descaradamente. Psicologicamente era aterrador, fica na verdade a pensar que não valia nada. Aquela sensação de de inutilidade, ainda hoje está presente. Sentia-me diferente, rejeitada, humilhada, e isso levava-me ao isolamento e desinteresse pela escola, e até pela vida. Doía não perceber o porquê a mim, e não saber na realidade o que me causava aquelas limitações e dores. Pela parte de quem me ajudou a crescer não havia a mínima formação cultural e psíquica para me orientar, confundindo portanto com preguiça, e má vontade da minha parte em fazer as coisas mais simples.
Os anos foram passando, e as dores e o cansaço permaneciam. Associava ao facto de ser  muito activa, mas comparando-me com quem me rodeava e da mesma faixa etária continuava a dúvida, pois apesar de fazer as mesmas coisas, eram com o maior esforço e sacrifício. Aos 19 anos com a gravidez agravou-se significativamente, a recuperação do parto e cesariana foi especialmente dolorosa. Pegar no meu bébé, dar-lhe o peito, mudar fralda, aconchega-lo, eram tarefas e prazeres ao qual não tive direito e com qualidade.
A Fibro até isso me tirou! Subir escadas, descer, escovar os dentes, pentear, pequenas coisas que não me me faziam sentido tendo em conta as dificuldades que encontrava em fazê-las, com apenas 20 anos a esta altura, não fazia mesmo sentido algum que fosse assim. Após dois anos em exames médicos, a médica de família simplesmente desistiu, pois nenhum levava a conclusão alguma. Solicitei a mudança de médica ( afinal de contas alguém tinha de resolver, dar um nome a tudo isto).
Sim, após cerca de um ano.. fez-se luz :-) ! Fibromialgia! Pensei eu, afinal não estou mesmo doida, algo se passa. daí em diante foi fácil a orientação.. reumatologia. O meu reumatologista esclareceu-me todas as dúvidas e receitou aquilo a que eu chamo "engana meninos".