sábado, 26 de fevereiro de 2011

Uma carta para quem não é fibromiálgico.

Descreve bem o que sentimos e nem sempre(ou quase) temos coragem de dizer aos nossos familiares e amigos!


Se ama alguém com Fibromialgia, saberá que padecemos de dores severas, dia-a-dia, hora a hora. Isso não podemos prever, por isso, quero que entendam que as vezes temos de cancelar as coisas na última da hora, e isso não nos deixa satisfeitos. Desagrada-nos tanto a nós como a vocês. 
Quero que saibam que temos de aprender a lidar com isso, a aceitar o nosso corpo com as suas limitações, o que não é fácil. Não há cura para esta síndrome mas tratamos de aliviar os sintomas diariamente. Não queremos sofrer. Muitas vezes sentimos-nos angustiados e não conseguimos lidar com mais tensões do que as que temos. Se for possível,não acrescente mais tensão ao nosso corpo. Ainda nos que nos veja bem, não nos sentimos bem. Aprendemos a viver com uma dor constante a maioria dos dias. Quem nos vê felizes, não quer dizer necessariamente que não temos dor, mas simplesmente estamos a tentar socializar apesar de tudo indicar para que não o façamos. Algumas pessoas pensam que não podemos estar tão mal, se nos vêem bem. A dor não se vê, crónica e invisível. 
Entendam por favor que não podemos trabalhar como antes, não é porque somos preguiçosos, o nosso cansaço e a nossa dor é imprevisível, e devido a isso fazemos ajustes no nosso estilo de vida. Algo que parece simples e fácil de fazer, não é para nós, pode causar-nos muita dor e cansaço. Algo que fizemos ontem, talvez não possamos fazer hoje, o que não significa que não seremos capazes de o fazer amanhã. Ficamos deprimidos, quem não se deprimiria com uma dor constante e forte?
Foi constatado que a depressão se apresenta com a mesma frequência na Fibro, ou em qualquer outra condição de dor crónica. Não sentimos dor por estarmos deprimidos, mas deprimimos por causa da dor e pela incapacidade de fazer-mos o que queremos. 
Sentimos-nos mal quando não existe apoio e compreensão dos médicos, dos familiares e amigos. Por favor, compreenda-nos, com seu apoio ajuda a diminuir a nossa dor. Ainda que durmamos toda a noite, não descansamos o suficiente, temos um sono de má qualidade, o que piora as dores nos dias em que dormimos mal. Não é fácil permanecer numa posição muito tempo, ainda que sentados, causa muita dor e leva tempo para recuperar-mos. Por isso não fazemos algumas actividades que sabemos que nos fazem mal. Não estamos loucos quando nos esquecemos de coisas simples, do que estava-mos a dizer, do nome de alguém, ou se dizemos uma palavra errada. Estes são problemas cognitivos que fazem parte desta síndrome, especialmente nos dias em que sentimos muita dor. É estranho tanto para vocês, como para nós. Mas ria connosco e ajude-nos a sentir o sentido de humor. A maioria dos doentes com esta doença são melhores conhecedores desta condição,que alguns médicos e outras pessoas, pois fomos obrigados a educar-nos para entender o nosso corpo. Assim se você quiser sugerir uma "cura", para nós, não o faça. Não é que não apreciamos a sua ajuda ou não queiramos melhorar, mas porque nos mantemos bastante informados e tratamos-nos. Sentimos-nos felizes quando temos um dia com pouca ou nenhuma dor, quando conseguimos dormir bem, quando fazemos algo que apreciamos que há muito tempo não fazíamos. Apreciamos verdadeiramente tudo o que faz por nós, incluindo o seu esforço por querer informar-se e entender-nos. 

11 comentários:

  1. ola amiga ñ podia dexar passar sem deixar-te uma palavra realista e muito verdadeira es uma GRANDE MULHER o mal do mundo é a ignorancia do ser humano que pensa que as coisas só acontece aos outros vive por ti e por quem amas e nunca desistas dos teus sonhos Djesus

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  2. Maria Gertrudes Calado2 de setembro de 2011 às 17:30

    Amiga na dor, se esta carta fosse mais divulgada,talvez houvesse mais compreensão, nós precisamos de compreensão, mas não de compaixão...!
    Conheço de há muito a carta, achei muito interessante vir aqui encontrá-la e logo hoje...num daqueles dias do "não me toques"que estupidez...não é?
    Por vezes até eu mesma, sinto que não me compreendo...com estas crises, tão difícil elas são.
    Força minha amiga, tenho 58 anos e desde 1991 me diagnosticada, hoje tenho outras doenças reumáticas...que me levam a grande falta de mobilidade e incapacidade.
    Tive de me reformar, com a reforma "antecipada"depois de ter descontado 36 anos e durante os últimos 20 ter passado por vários internamentos.
    Doí..doí muito amiga, mas nós somos "valentes" tão valentes como incompreendidas.
    Em Julho, estive 2 semanas internada no Instituto de Reumatologia e nostalgico, verificar como estas doenças afectam, várias faixas etárias e sobretudo do sexo feminino.
    Não sei se conhece a associação "Myos", a ela muito devo, tanto pelo apoio psicológico, como pelo carinho e compreensão de todos.
    Vale a pena ser sócio!
    Um grande abraço e esperemos, não podemos perder a esperança sobretudo os mais jovens, que em breve se encontre algo que possa minimizar este sofrimento "olhado ainda de soslaio"
    Maria Gertrudes Calado

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    1. Cara amiga na dor, li o seu comentário com muita atenção e peço desde já desculpa pela demora na resposta. Somos umas lutadores e esta é uma guerra que não vamos perder. :) Tudo de bom para si, dentro do que é possível, obviamente.

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  3. oi.
    sabe hoje achei seu blog procurando o meu que é fibromialgiaeeu o seu testemunho e muitissimo parecido com o meu isso mim chocou bastante embora o meu nao se expressa tal bem como vc mas tudo bem achei legal o seu e estimo melhoras de coração e sempre estarei orando por nos.
    um grande beijos e melhoras

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  4. Oi tudo bem.... achei realmente muito bom esse texto diz bem o que se passa espero que não se importe de eu ter copiado por meu blog pois, ele tem tudo a ver o meu texto do dia... bjocas. Nanda

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    1. Olá querida Angel, é claro que não me importo, até porque esse texto não é da minha autoria, é na verdade de autoria desconhecida e originalmente espanhola. Um beijinho e muita força, ainda que ela escasseie.

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  5. ...Não é fácil viver na angustia da dor, eu que me obriguei a despedir-me do meu trabalho por ver que não acreditavam em mim, quando tive de ficar uns dias em casa, com uma grande crise, por me esforçar durante 3 anos muitas vezes esgotada, sem vontade de me levantar, sem vontade de ouvir os clientes, pois era empregada de balcão nun snak bar.... O meu patrão mostou má cara e disse coisas que não se dizem a ninguém e eu no calor da dor, despedi-me pois não ireia saber conviver mais tempo com uma pessoa que me viu durante anos a esforçar-me no trabalho para não faltar e depois dizer tanta coisa que me maguou muito...Fiquei com o cerebro muito cansado e fraco e como sabeis, piora a situação das dores fibromialgicas.... É muito dificil, pois mesmo muitas vezes pessoas que nos ouvem até podem nos dar a mão, mas quando viemos embora dizem, "es mas é malandra, devias era de estar a trabalhar"...Quantas vezes isso não acontecerá? Bjs

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  6. Cara amiga nesta luta, também não trabalho há dois anos. Mas desde que me conheço sempre trabalhei, também como você muitas vezes esgotando-me completamente, e executando tarefas que desacreditavam as minhas queixas.... Sei que custa lidar com as pessoas que nos acusam, rotulam, etc... sei tão o que isso é, mas pior que nos revoltarmos contra elas, podemos somente compreende-las. Pois, quantas vezes nem você percebe o que está a acontecer consigo... imagine os outros que nenhuma informção possui sobre a doença. O que não devemos tolerar, é sem dúvida que nos espezinhem e mal tratem psicologicamente. A cruz que carregamos é demasiado pesada para levarmos juntamente a ignorância de quem tudo julga saber. Vai acontecer sempre querida... sempre. A diferença está em nós não nos deixar-mos afectar, ou então não dar a importância que não têm. :)) Um beijinho e sempre aqui estarei para o que necessitar. Juntos fazemos a diferença.

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  7. Todos precisam entender quem tem dor porque não é fácil, e como é subjetivo, muitas pessoas acabam julgando. E quem sofre da dor acaba pior. Verdades e mentiras sobre a dor - superação, dor, enfrentamento

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  8. Só sabe da dor quem sente ou quem vive perto de um Fibromiálgico, caso contrário, dificilmente entenderão...

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  9. Só sabe da dor quem sente ou quem vive perto de um fibromialgico. O sofrimento não é visível, por isso a dificuldade das pessoas em acreditarem. O preconceito faz parte do rol de sintomas, com certeza!

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